Por Cláudia Eleonora
colunista
Metanol: quando um gole pode ser fatal
Tomar um drinque entre amigos deveria ser sinônimo de celebração, nunca de tragédia. Mas, nas últimas semanas, o Brasil voltou a se deparar com um perigo silencioso: bebidas adulteradas com metanol, um álcool altamente tóxico que pode causar cegueira, falência de órgãos e até a morte.
O Ministério da Saúde já confirmou 16 casos de intoxicação e investiga dezenas de notificações suspeitas. Pelo menos uma morte foi oficialmente registrada, e outras estão sob análise.
O problema é grave porque o metanol é um veneno invisível. Uma garrafa adulterada pode parecer idêntica à original. No corpo humano, porém, a substância se transforma em compostos que atacam o sistema nervoso, os rins e a visão, podendo levar à cegueira e até à morte. Para piorar, os sintomas iniciais, náuseas, dor de cabeça, visão turva, são facilmente confundidos com uma simples ressaca, atrasando o diagnóstico.
Diante do avanço dos casos, o governo instalou uma Sala de Situação Nacional npara monitorar o surto, enquanto Procons e Vigilâncias Sanitárias intensificam a fiscalização. A Polícia Federal investiga quadrilhas que falsificam e distribuem bebidas clandestinas. Mas a crise revela falhas antigas: a fragilidade da fiscalização, a força do mercado informal e a desinformação da população.
O aprendizado é claro: precisamos de controle sanitário mais eficiente, rastreabilidade transparente das bebidas, da reutilização de garrafas, profissionais de saúde capacitados para identificar intoxicações rapidamente e campanhas de conscientização ao consumidor.
No fim, cada vida perdida por metanol representa uma tragédia evitável. Comprar apenas em locais confiáveis, desconfiar de preços baixos e observar rótulos e selos de autenticidade são medidas de autoproteção. Mas a responsabilidade maior é do Estado e da indústria, que precisam garantir que ninguém corra o risco de morrer por simplesmente erguer um copo.
Porque beber não pode e não deve ser sinônimo de colocar a vida em jogo.
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